3 de dez. de 2008

Agradecimentos

Quero deixar registrado o meu agradecimento à professora do curso Alfabetização e Linguagem, Josselita Evangelista, por sua dedicação ao nos ensinar, por seu empenho em buscar diferentes materiais pedagógicos para enriquecer nosso aprendizado e por sua generosidade ao compartilhar conosco suas experiências e também por nos emprestar seus livros e nos enviar e-mails e muitos vídeos interessantes.
Agradeço, também, aos colegas do curso por terem feito de todos os encontros uma oportunidade de aprendizagem e de troca de experiências pedagógicas e de vida. Todas essas contribuições fizeram de mim uma profissional e uma pessoa melhor.

25 de nov. de 2008

29º e 30º Encontros - Experiências em sala de aula / Avaliação do curso.

Ao trabalhar leitura e interpretação de textos, de acordo com a proposta do curso Alfabetização e Linguagem, com minhas turmas do primeiro ano do ensino médio, percebi que o aproveitamento dos alunos foi melhor ao acionar o conhecimento prévio e ao trabalhar os tipos textuais e o gênero textual. Também houve um resultado muito bom no trabalho de intergêneros cuja proposta foi a leitura dos contos do livro "Meu Tio Matou um Cara e outras Histórias" e a adaptação desses contos para histórias em quadrinhos, para textos dramáticos de teatro e para roteiros de vídeos.
O material didático do curso é de excelente qualidade e as propostas de trabalho são inúmeras. Por isso esse trabalho não se encerra com o fim desse ano letivo/2008, esse é só o primeiro de muitos anos letivos em que esses conhecimentos adquiridos e essas propostas serão aplicados por mim em sala de aula.

28º Encontro - Organização do texto escrito

Na hora de se organizar um texto escrito é importante saber qual o gênero e quem são os interlocutores desse texto. Na sala de aula depois que os alunos escrevem os textos e passam a limpo eu peço para que troquem o texto com um colega para que a partir da leitura ele dê sua opinião dizendo se entendeu ou não a mensagem escrita e a partir daí faça sugestões para que o autor do texto melhore a coesão e coerência do que foi escrito.

26º e 27º Encontros - A análise crítica de textos em sala de aula

Ao trabalhar com os alunos a leitura e a interpretação de um texto deve-se propor à turma atividades que estimulem a visão crítica. Pois, as aulas de leitura e interpretação devem permitir que o aluno veja o que está por trás do texto, promovendo nele um despertar, uma visão mais crítica sobre a temática abordada. Deve-se levar, também, em consideração o implícito e o subentendido do texto.
Um dos aspectos fundamentais da significação lingüística é o conceito de implícito, que se refere àquilo que um enunciado significa, que pode não estar diretamente dito no enunciado (Guimarães 2006).
O conceito de subentendido é concebido por Ducrot (1987) como insinuações presentes numa frase ou num conjunto de frases que não são marcadas lingüisticamente. Segundo Guimarães, 2006, esse conceito permite acrescentar alguma coisa "sem dizê-la, ao mesmo tempo, em que ela é dita".
Segue um exemplo de um exercício tirado do livro de português com o qual trabalho com meus alunos do ensino médio, os autores são William Cereja e Thereza Cochar, editora Atual.

Diálogo: Wood e Stock (Charge)
_ "Vinte anos atrás eu vivia na base de sexo,drogas e rock in rooll !.
_ Eu também !
_ Passava noite e dia viajando de ácido, escutando Jefferson air plane...
_ Eu também !
_ ... E fazendo sexo com a Bete Speed, minha noiva !
_ Eu também !"
Perguntas:
1) Quais são as duas maneiras possíveis de interpretar o enunciado de Stock no último quadrinho?
2) Qual a palavra da fala de Wood que é fundamental para que a última fala de Stock possa ser interpretada de duas maneiras ?
3) Levando-se em conta os padrões morais de nossa sociedade, qual das duas maneiras de entender a última fala de Stock provoca riso no leitor ?
Respostas:
1) Primeira maneira : Stock fez sexo com sua própria noiva. Segunda maneira: Stock fez sexo com a noiva do amigo.
2) "Minha".
3) A idéia de que Stock teria feito sexo com a noiva do amigo é que provoca riso.
Observa-se que este exercício de interpretação de texto trabalha com os conceitos de subentendido e pressuposto, como se pode observar nas perguntas. O aluno na tentativa de respondê-las não encontra respostas explícitas no texto como geralmente é acostumado a fazer. Ele dará resposta de acordo com o sentido que está subentendido.


O que se pode explorar numa fábula e em uma piada?
Tendo em vista que uma das propostas dos PCNs é o trabalho com gêneros textuais diversificados, a fábula e a piada são textos ricos em pressupostos e subentendidos que nos oferecem a possibilidade de trabalhar com os alunos de forma lúdica e divertida.
Na fábula, pode-se trabalhar os valores morais e éticos ao fazer com a turma uma reflexão sobre a mensagem implícita na fábula lida e depois pedir que o aluno conte para a turma algum fato vivido por ele ou por alguém que ele conheça que causou consequências parecidas ao ocorrido com o personagem da história. Ou mesmo o professor pode lembrar aos alunos alguma notícia, amplamente divulgada na mídia, envolvendo problemas éticos e morais semelhantes aos da fábula.
A Piada é outro gênero textual muito apreciado e conhecido pelos alunos. Esse gênero nos oferece diversas possibilidades de trabalho pedagógico lúdico, com o qual podemos trabalhar o pressuposto e subentendido do texto. Pode-se pedir que duplas de alunos escrevam uma piada conhecida e dê para que outra dupla leia e analise qual foi o conhecimento prévio que os ajudou a compreender o texto.

23º, 24º e 25º Encontros - Ortografia

Existem inúmeras maneiras para se ensinar ortografia, por exemplo, pode-se fazer ditados, fazer brincadeiras usando jogo da memórias e fazer consultas ao dicionário.
Exemplos de atividades para sala de aula:
Primeiro deve-se fazer um ditado de palavras.
Depois, pedir aos alunos para elaborar palavras cruzadas com pelo menos 10 palavras que apresentaram alterações ortográficas no ditado.
Uma outra atividade didática seria incentivar, de forma lúdica, os alunos a identificarem raízes de palavras e pesquisar a sua origem. Ainda nesta atividade, pode ser agregada a iniciativa de levar os alunos a criarem novas palavras ou a utilizarem prefixos e sufixos com os radicais, e a constatar seu efeito no significado dos neologismos e depois apresentar o resultado para a turma.

Uso do dicionário
O aluno que cometer um erro ortográfico pode fazer a correção procurando a palavra no dicionário, primeiramente ele deve tentar encontrá-la da forma como a escreveu. Claro, como está errada não irá encontrar a palavra na forma com a grafou. Em seguida, deve-se pedir que capture a palavra e quando encontrá-la a copie da forma como a encontrou no dicionário, ou seja, corretamente, observando em que parte fez permuta ou omitiu letras e acentos, depois deve-se pedir ao estudante que copie também todas as palavras- irmãs (cognatas) da palavra que apresentou dificuldade em grafar corretamente. Ao copiar as palavras o aluno estará memorizando a forma de grafá-la e isso o ajudará a aprender a escrevê-la.

22º Encontro - Mudanças Lingüísticas

As mudanças lingüísticas estão diretamente ligadas às mudanças sociais, quando uma sociedade muda porque recebeu muitos imigrantes, ou porque houve mudanças tecnológicas, científicas e políticas relevantes, a tendência é que ocorram também mudanças lingüísticas.
Marcos Bagno, faz uma observação interessante a respeito das muddanças lingüísticas quando diz:
"As línguas não se desenvolvem, não progridem, não decaem, não evoluem, nem agem de acordo com nenhuma das metáforas que implicam um ponto final específico ou um nível de excelência. Elas simplesmente mudam, como as sociedades mudam. Se uma língua morre é porque seu status na sociedade se alterou, na medida em que outras culturas e línguas a sobrepujaram: ela não morre porque "ficou velha demais" ou porque "se tornou muito complicada", como às vezes se pensa. Também não se deve pensar que, quando as línguas mudam, elas o fazem numa direção predeterminada. Algumas estão perdendo flexões; outras estão ganhando. Algumas estão se fixando numa ordem em que o verbo precede o objeto; outras, numa ordem em que o objeto precede o verbo. Algumas línguas estão perdendo vogais e ganhando consoantes; outras fazem o oposto. Se formos usar metáforas para falar da mudança lingüística, uma das melhores é a de um sistema que se mantém num estado de equilíbrio, enquanto as mudanças ocorrem dentro dele. Outra é a da maré, que sempre e inevitavelmente muda, mas nunca progride, enquanto flui e reflui."

21º Encontro - Palavras... Palavras...

"Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes como o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encantá-las. Mas lúcido e frio, apareço e tento apanhar algumas para meu sustento num dia de vida. Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e súbito fogem e não há ameaça e nem há sevícia que as traga de novo ao centro da praça."
(Carlos Drummond de Andrade)


Ser professora é um eterno aprendizado. Eu gosto das palavras, por isso acredito que não tenho dificuldade em conviver com esse constante desafio que é fazer delas meu intrumento de trabalho. Eu as respeito muitíssimo, porque as palavras têm segredos e têm personalidade própria, se penso que as domino elas me escapam na hora em que mais preciso delas só pra me mostrar quem é que manda.
Gosto de consultar o dicionário e de descobrir novos significados para as palavras, gosto delas em seu sentido denotativo, mas, ainda mais em seu sentido conotativo e poético com ritmo e rima. A palavra me encanta.


20º Encontro - Temas sociais do Filme " Desmundo"

"Sinopse: No século 16, o Reino Português enviava órfãs brancas para casarem com os colonizadores brasileiros, a fim de manter a supremacia da raça numa tentativa de minimizar a miscigenação. O filme é sobre uma dessas órfãs, chamada Oribela (Simone Spoladore), que se casa com Francisco, um fidalgo rude (Osmar Prado) e, juntos, desenvolvem uma relação conturbada, agravada pela presença de um outro homem (Caco Ciocler)."

O filme reproduz de forma brilhantes a formação da sociedade brasileira, onde a mulher era tratada como mercadoria barata e uma escrava sexual. Os índios também eram mercadorias, mão de obra escrava. A igreja católica era uma mercadora que intermediava a venda das garotas órfãs aos colonizadores, a igreja também fazia um trabalho de aculturação dos indígenas obrigando-os a se tornarem cristãos.
Atualmente, nossa sociedade é fruto daquela colonização feita por homens brutos e selvagens, uma colonização de exploração, feita pela escória portuguesa.
Hoje o Brasil é uma sociedade civilizada, a mulher é considerada igual ao homem pela nossa lei suprema a Constituição Brasileira. Porém, ainda existem resquícios daqueles tempos mostrados pelo filme "Desmundo". O machismo brasileiro é fruto daquela época e ainda existe muito preconceito em nosso país, como por exemplo: contra os índios, contra as mulheres, contra os negros, e também preconceitos religiosos. Ainda temos um longo caminho a percorrer para que a igualdade que prega a lei exista de fato e não apenas de direito.

24 de nov. de 2008

18º Encontro - Visita à feira do livro de Brasília.

Durante a visita à Feira do Livro de Brasília edição 2008, a professora e escritora Lucília Garcez recebeu professores do curso Alfabetização e Linguagem para uma conversa no espaço de exposição da editora arco-íris. Ela nos apresentou seus livros de literatura infantil, contou histórias e respondeu algumas perguntas sobre como acontece seu processo criativo e o que a motivou a tornar-se escritora.
Seu mais recente trabalho é um livro direcionado aos professores, o qual aborda o tema: Leitura. O título da obra é "LER = MUITO PRAZER", orientações para o trabalho com a formação de leitores e com a literatura infanto-juvenil. Ela cita nesse livro que o resultado das pesquisas feitas ao longo do tempo assegura que para se obter sucesso na formação de leitores é necessário:
- convívio contínuo com histórias, livros e leitores;
- valorização social da leitura pelo grupo social;
- disponibilidade de acervo de qualidade e adequado aos interesses, horizontes de desejo e aos diferentes estágios de leitura dos leitores;
- tempo para ler, sem interrupções; espaço físico agradável e estimulante;
- ambiente de segurança psicológica e de tolerância dos educadores em relação ao percurso individual de superação de dificuldades;
- oportunidade para expressar, registrar e compartilhar interpretações e emoções vividas nas experiências de leitura;
- acesso à orientação qualificada sobre por que ler, o que ler, como ler e quando ler.

17º Encontro - Gênero e Tipo Textual

E.C.T.
Nando Reis, Marisa Monte, Carlinhos Brown

Tava com o cara que carimba postais
Que por descuido abriu uma carta que voltou
Levou um susto que lhe abriu a boca
Esse recado vem pra mim, não pro senhor.


Recebo crack, colante, dinheiro parco embrulhado
Em papel carbono e barbante, até cabelo cortado
Retrato de 3x4 pra batizado distante
Mas isso aqui meu senhor, é uma carta de amor


Levo o mundo e não vou lá
Levo o mundo e não vou...


Mas esse cara tem a língua solta
A minha carta, ele musicou
Tava em casa, vitamina pronta
Ouvi no rádio a minha carta de amor


Dizendo: eu caso contente, papel passado, presente
Desembrulhado, vestido, eu volto logo, me espera
Não brigue nunca comigo, eu quero ver nossos filhos
O professor me ensinou, fazer uma carta de amor.


Leve o mundo que eu vou já
Leve o mundo que eu vou...

O tipo textual predominante nesse texto "E.C.T." é narrativo, pois há uma pessoa que conta a história de uma carta que foi enviada para sua amada prometendo se casar com ela logo que ele voltasse de viagem. Porém, essa carta não chegou à destinatária, mas alguém abriu e fez uma música com o que estava escrito na carta.
O gênero textual é uma letra de música, apesar de citar trechos da carta.
O título refere-se ao nome da empresa que faz o transporte e a entrega de cartas, e um dos personagens é o cara que carimba postais, ou seja o carteiro; e o outro personagem é o narrador da história, ou seja aquele que escreveu a carta.

16 de nov. de 2008

20 de Novembro - Dia da Consciência Negra

O Choro de África

O choro durante séculos
nos seus olhos traidores pela servidão dos homens
no desejo alimentado entre ambições de lufadas românticas
nos batuques choro de África
nos sorrisos choro de África
nos sarcasmos no trabalho choro de África

Sempre o choro mesmo na vossa alegria imortal
meu irmão Nguxi e amigo Mussunda
no círculo das violências
mesmo na magia poderosa da terra
e da vida jorrante das fontes e de toda a parte e de todas as almas
e das hemorragias dos ritmos das feridas de África

E mesmo na morte do sangue ao contato com o chão
mesmo no florir aromatizado da floresta
mesmo na folha
no fruto
na agilidade da zebra
na secura do deserto
na harmonia das correntes ou no sossego dos lagos
mesmo na beleza do trabalho construtivo dos homens

o choro de séculos
inventado na servidão
em histórias de dramas negros almas brancas preguiças
e espíritos infantis de África
as mentiras choros verdadeiros nas suas bocas

o choro de séculos
onde a verdade violentada se estiola no círculo de ferro
da desonesta forca
sacrificadora dos corpos cadaverizados
inimiga da vida
fechada em estreitos cérebros de máquinas de contar
na violência
na violência
na violência

O choro de África é um sintoma

Nós temos em nossas mãos outras vidas e alegrias
desmentidas nos lamentos falsos de suas bocas - por nós!
E amor
e os olhos secos.
(Agostinho Neto - Poemas, 1961)

15º e 19º Encontros - História da Língua Portuguesa

É necessário conhecer para ensinar, por isso é de suma importância que nós, professores de Língua Portuguesa saibamos como nasceu nossa língua e qual foi o caminho que ela percorreu para chegar até aqui. Esse conhecimento nos auxilia na hora de mostrar aos alunos que a língua evolui e com essa evolução as regras mudam. Portanto, o que é considerado errado hoje na ortografia ou na pronúncia de certas palavras, por exemplo, já foi considerado correto antigamente e a partir dessa análise nosso aluno se tornará mais crítico ao estudar a língua e suas variações.

A Língua Portuguesa falada no início da colonização do Brasil

Todas as línguas mudam com o passar do tempo em decorrência de mudanças sociais, culturais e políticas. Durante a colonização, a Língua Portuguesa que veio da Europa com os colonizadores encontrou aqui no Brasil diversas línguas faladas pelos indígenas, habitantes nativos do território brasileiro. Mais tarde vieram os africanos de diversos países da África e trouxeram várias línguas diferentes. Desse encontro tão diversificado de línguas a que prevaleceu foi a do colonizador português, no entanto as línguas indígenas e africanas influenciaram e modificaram o português europeu. Hoje, o Brasil apropriou-se do português e esta é uma língua que tem marcas exclusivas brasileiras.

CARACTERÍSTICAS DO LÉXICO
Desde o início do século XIX, com o Marquês de Pedra Branca, se usa o estudo do léxico para mostrar diferenças entre o português do Brasil e o português de Portugal (11). Essas diferenças dizem respeito ao fato de que, no Brasil, muitas palavras tomaram outros sentidos ou foram incorporadas ao português a partir das línguas indígenas e africanas, com as quais o português esteve e está em relação. Podemos observar palavras que têm um sentido em Portugal e outro no Brasil, a partir de exemplos retirados de Teyssier (1997)

PORTUGAL/ /BRASIL

comboio/ /trem
autocarro //ônibus
elétrico/ /bonde
hospedeira/ /aeromoça
caneta de tinta permanente/ /caneta-tinteiro
corta-papeles/ /pátula
fato //terno
metro //metrô


Por outro lado, há no Brasil um conjunto importante de palavras de origem indígena, comumente o tupi, assim como de origem africana, os exemplos são também tirados de Teyssier (1997).

Exemplos de palavras de origem indígena:
capim, cupim, caatinga, curumim, guri, buriti, carnaúba, mandacaru, capivara, curió, sucuri, piranha, urubu, mingau, moqueca, abacaxi, caju, Tijuca, etc. São, em geral, palavras relativas à designação da flora, da fauna, de alimentos, assim como de lugares.

Exemplos de palavras de origem africana:
caçula, cafuné, molambo, moleque; orixá, vatapá, abará, acarajé; bangüê; senzala, mocambo, maxixe, samba. São, em geral, palavras que designam elementos do candomblé, da cozinha de influência africana, do universo das plantações de cana, do universo de vida dos escravos, e mesmo outros de aspecto mais geral. Grandes listas de palavras dessas línguas que se incorporaram ao português podem ser encontradas em diversos livros de lingüística histórica do português como Silva Neto (1950), Bueno (1946, 1950) e Coutinho (1936).

14º Encontro - Narradores de Javé

Filme: Narradores de Javé.

Narradores de Javé” marca a luta de um povo, os moradores do Vale de Javé, no sertão baiano, na tentativa de registrar sua história na escrita, pois essa só existia na oralidade. Escrever a história dessa cidade foi imposição do Estado que tinha um projeto de transformar a área onde se encontrava a cidade em uma represa.
Sem outra opção, o povo de Javé resolve encarregar o antigo responsável pela Agência de Correios do povoado - ele era o único alfabetizado do lugar -para ouvir o relato dos moradores e a partir deles, escrever a história do povo do Vale de Javé.
Diante dessa proposta de registrar por escrito a história da cidade de Javé, nota-se a supremacia da cultura letrada sobre a cultura popular de base oral. Uma visão preconceituosa e elitista, que considera a cultura letrada superior à oral.
O povo de Javé se reune e passa então a relatar ao carteiro da região aquilo que lhes havia sido passado de geração em geração: a saga de seu fundador, Indalécio, no desbravamento do sertão baiano, a fim de fundar um povoado para os seus seguidores. E os relatos têm tantos pontos de vista diferentes que vão se distanciando cada vez mais um do outro. Cada relato é permeado pela visão pessoal dos moradores, os quais vão traduzindo-o segundo o seu olhar, sua formação sociocultural e religiosa. E surgem tantas versões para a história da cidade que o carteiro não consegue fazer o registro escrito e fatalmente a cidade é inundada.
Na verdade, como resolver o dilema de traduzir uma narrativa oral que esteve sempre em movimento, viva na boca dos moradores do vilarejo, para um registro escrito, que, como tal é estático e imutável, e que, acima de tudo, só permite uma versão que é única e definitiva? Como não conseguem atender às exigências do progresso e da civilização, desaparecem como palavras ao vento.

13º Encontro - Alguns elementos para escrever uma história,

Uma boa história é aquela que prende a atenção do leitor a partir do primeiro parágrafo. De alguma forma o leitor deverá se identificar com a história por esta fazer parte de seu universo, ou por ela lhe causar um profundo estranhamento ao ponto de deixá-lo muito curioso.
A escolha das personagens - protagonistas e antagonistas, suas características psicológicas, e a presença de elementos surpresa durante a trama também ajudam a tornar uma história interessante.
A verossimilhança faz com que o leitor dialogue com as personagens e se identifique com eles. Fazendo-o sentir-se parte da história.

12º Encontro - O ensino da Língua Portuguesa

O que vc acha em ensinar a língua portuguesa padrão como segunda língua? Que estratégias você sugere para esse ensino?

A verdade é que existe uma grande diferença entre a estrutura gramatical do português padrão e a do português não padrão. Quando o aluno estuda a gramática da lingua portuguesa padrão, esse estudo se assemelha ao de uma língua estrangeira, pois o universo lingüístico do aluno é muito diferente do que este deverá aprender na escola sobre a linguagem formal.
Porém, é necessário que o aluno conheça e saiba usar o língua padrão, pois essa lhe dará oportunidades de ascensão social.
Portanto acredito que as estratégias usadas no ensino de língua estrangeira seriam eficientes e ajudariam no ensino da lingua portuguesa padrão.

11º Encontro - Portifólio

Quais as vantagens e desvantagens de trabalhar com portfólio? Você adotaria esta forma de avaliação?

A oportunidade que o aluno tem de visualizar todas as atividades que foram realizadas durante um período determinado de aprendizagem e sua evolução intelectual é o que há de melhor no uso do portifólio como atividade avaliativa. O aluno produtor do portifólio terá um material riquíssimo a ser analisado e criticado por ele mesmo ao longo do processo. Além do mais, o professor poderá orientar o aluno a partir de um material concreto e isso facilita bastante o trabalho de construção do conhecimento. No entanto, se o professor tiver várias turmas com um número elevado de alunos esse trabalho se tornará bastante penoso se for deixado para ser feito no final do processo, então seria viável que houvesse vários momentos ao longo do período das aulas dedicados ao acompanhamento pelo professor da montagem do portifólio de seus alunos.
Essa forma de avaliação é uma boa opção e poderá obter sucesso se feita com os alunos do ensino regular.

10º Encontro - Abordagem intersemiótica

O que mudou em sua visão após a análise de um livro usando a abordagem intersemiótica?

O que você, leitor, pode fazer para ampliar o seu dialogismo?

A descoberta de que o aluno também pode compartilhar de uma leitura enriquecedora onde sua visão de mundo pode ser ampliada a partir de uma simples ilustração, foi o que eu aprendi no segundo encontro com a professora Sonia Soares. Ela nos levou livros ilustrados e nos pediu para analisar histórias a partir das ilustrações e só depois fazer a leitura. Essa experiência demonstrou que a leitura prévia das imagens ajuda bastante na compreensão da história, pois aciona nosso conhecimento prévio, nossos horizontes de experiência. Além dos desenhos impressos no livro, também existem outras imagens que fazem parte do plano de expressão e ajudam na análise da leitura ( informação visual/co-textuais): informações sensórias, constituintes cromáticos, constituintes fônicos como a aliteração e a assonância; elementos lingüísticos como as metáforas, as metonímias e os neologismos.

Segundo a profª Sonia Soares " o universo discursivo tem um princípio dialógico de três ordens: Primeiro - é dialógico porque a enunciação tem uma orientação social, é orientada pelo outro e por ele determinada. Escrevo para o outro que, por sua vez, orienta e conduz o que escrevo e a maneira como escrevo. Segundo - é dialógico porque sua compreensão depende de formulação ativa de resposta, que é a participação e a inserção do outro no diálogo que proponho. Quando leio formulo respostas. Terceiro - é dialógico porque é essencialmente polifônico. Não há discurso solitário, todos os discursos, todos os enunciados são permeados por outras vozes que atravessam a leitura e a escrita. Cada texto traz o eco e faz vozes que o constituíram através da história."

7 de nov. de 2008

Intergêneros - 16º encontro

Gênero: Fábula - A Cigarra e a Formiga.
Adaptada para o gênero: poema.

Pra lá, pra cá
Pra cá, pra lá
Lá vão as formiguinhas
Sempre a trabalhar.

prá lá e pra cá
Primavera... verão... outono
O alimento guardando estão
Logo, logo o irverno chegará.

Folha verdinha a comer
Quietinha a balançar
Sempre a cantar
Sempre a cantar

A cigarra aventureira
Não se cansa de brincar.

Eis que o inverno chegou
Forte o vento soprou
O gelo as árvores castigou
Nem uma folha sobrou.

Agora sim, as formigas a descansar estão.
E a cigarra que não trabalhou, sem alimento ficou.

Moral: quem guarda na fartura,
pode descansar na dificuldade.

5 de nov. de 2008

9º Encontro - Currículo

Adequação do currículo do ensino fundamental à nova realidade.

Fazemos parte de um mundo globalizado cada vez mais veloz, não há como pensar em realidade sem referir-se às tecnologias que invadiram nossas vidas e vieram pra ficar.Tendo em vista esse contexto, nosso currículo precisa ser interdisciplinar, pois a formação de nossos alunos deve torná-los independentes. Eles devem ser pesquisadores, pois atualmente mais importante que saber os conteúdos é saber onde encontrá-los e onde buscar essa informação.

8º Encontro - Livro de literatura

Prazer. Essa é a palavra chave que deve permear todo o trabalho literário em sala de aula. O livro de literatura deve ser apresentado ao aluno não como uma obrigação, mas sim como uma oportunidade de diversão. E por ser arte ele não se esgota em fórmulas e receitas de interpretações. Por esse motivo, a leitura da obra literária é um prazer intransferível. Sentir a arte da palavra é uma experiência que se eterniza na lembrança e no desejo do reencontro. Uma boa sugestão é trabalhar com rodas de leitura onde o aluno pode escolher um título entre diversas opções dadas pelo professor e depois contar a história lida por ele aos colegas. Também, pode-se deixar que o aluno escolha formas mais ricas e divertidas de contar a história como dramatizações em grupo ou adaptações do livro em quadrinhos.

7º Encontro - O Texto

O encontro com a professora Sonia Soares foi fantástico. Tema - Leitura: dialogismo e horizontes de experiências. Ela nos deu uma aula muito esclarecedora sobre o que é um texto, a importância do conhecimento prévio para a sua compreensão e toda a dimensão da leitura por intermédio do diálogo com outros textos.

Análise do texto: O SHOW
Autor: Um aluno de 7ª série.

O cartaz
O desejo

O pai
O dinheiro
O ingresso

O dia
A preparação
A ida

O estádio
A multidão
A expectativa

A música
A vibração
A participação

O fim
A volta
O vazio

- "Segundo o teórico russo Mikhail Baktin, a linguagem é, por natureza, dialógica, isto é, sempre estabelece o diálogo entre pelo menos dois seres, dois discursos, duas palavras". Todos os elementos atribuídos ao texto estão presentes no " O SHOW", pois o aluno que o redigiu comunicou perfeitamente em ordem cronológica toda a sua expectativa, participação e sentimento em relação ao espetáculo ao qual ele chamou de show.

29 de out. de 2008

Quem é Você?
(Cora Coralina)

Sou mulher como outra qualquer.
Venho do século passado e trago comigo todas as idades.
Nasci numa rebaixa de serra entre serras e morros.
“Longe de todos os lugares”.
Numa cidade de onde levaram o ouro e deixaram as pedras.
Junto a estas decorreram a minha infância e adolescência.
Aos meus anseios respondiam as escarpas agrestes.
E eu fechada dentro da imensa serrania que se azulava na distância longínqua.
Numa ânsia de vida eu abria o vôo nas asas impossíveis do sonho.
Venho do século passado. Pertenço a uma geração ponte, entre a libertação dos escravos e o trabalhador livre.
Entre a monarquia caída e a república que se instalava.
Todo o ranço do passado era presente. A brutalidade, a incompreensão, a ignorância, o carrancismo.
Os castigos corporais.
Nas casas. Nas escolas.
Nos quartéis e nas roças.
A criança não tinha vez, Os adultos eram sádicos aplicavam castigos humilhantes.
Tive uma velha mestra que já havia ensinado uma geração antes da minha. Os métodos de ensino eram antiquados e aprendi as letras em livros superados de que ninguém mais fala.
Nunca os algarismos me entraram no entendimento.
De certo pela pobreza que marcaria para sempre minha vida.
Precisei pouco dos números.
Sendo eu mais doméstica do que intelectual, não escrevo jamais de forma consciente e raciocinada, e sim impelida por um impulso incontrolável. Sendo assim, tenho a consciência de ser autêntica.
Nasci para escrever, mas o meio, o tempo, as criaturas e fatores outros contramarcaram minha vida.
Sou mais doceira e cozinheira do que escritora, sendo a culinária a mais nobre de todas as Artes: objetiva, concreta, jamais abstrata a que está ligada à vida e à saúde humana.
Nunca recebi estímulos familiares para ser literata.
Sempre houve na família, senão uma hostilidade, pelo menos uma reserva determinada a essa minha tendência inata. Talvez, por tudo isso e muito mais, sinta dentro de mim, no fundo dos meus reservatórios secretos, um vago desejo de analfabetismo.
Sobrevivi, me recompondo aos bocados, à dura compreensão dos rígidos preconceitos do passado. Preconceitos de classe.
Preconceitos de cor e de família.
Preconceitos econômicos.
Férreos preconceitos sociais.
A escola da vida me suplementou as deficiências da escola primária que outras o Destino não me deu.
Foi assim que cheguei a este livro sem referências a mencionar.
Nenhum primeiro prêmio.
Nenhum segundo lugar.
Nem Menção Honrosa.
Nenhuma Láurea.
Apenas a autenticidade da minha poesia arrancada aos pedaços do fundo da minha sensibilidade, e este anseio: procuro superar todos os dias.
Minha própria personalidade renovada, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto.
Luta, a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
Quem sentirá a Vida destas páginas... Gerações que hão de vir de gerações que vão nascer.

6 de out. de 2008

6º Encontro - Entrevista com Marcos Bagno

Muito esclarecedora a entrevista publicada na revista Caros Amigos, edição 131 ano XI, com o lingüista Marcos Bagno - autor de "Preconceito Lingüístico", "A Língua de Eulália" e vários outros livros. Nela o entrevistado fala a respeito do tema preconceito lingüístico e nos mostra que a escola ensina uma língua portuguesa que não é a verdadeira língua falada pelos brasileiros e sim uma língua imposta pelas elites e com normas tão ultrapassadas que estão com dois séculos de atraso em relação ao português brasileiro. Para Marcos Bagno o que vale agora é o português brasileiro, a língua que o povo fala, que as famílias falam, que nós falamos, e não aquela que pregam os manuais de redação ou os "consultórios" gramaticais dos jornais. Nessa entrevista o lingüista afirma "... é preciso acabar com a cultura do erro". Ele ainda exemplifica: o português brasileiro é "chegou a hora da onça beber água", não "de a onça beber água".
O professor Marcos Bagno também comenta a linguagem da internet e a influência da língua inglesa na língua portuguesa. Vale a pena ler esta reportagem.

23 de set. de 2008

4º e 5º Encontros: preconceito lingüístico

A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender.

A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que quer dizer?


Professor Carlos Góis ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a priminha.

O português são dois; o outro mistério.

(Carlos Drummond de Andrade)


O papel da Escola é formar um aluno capaz de usar tanto a variedade padrão da língua, quanto as diversas variedade informais existentes cada qual com suas diferenças regionais e sociais. Porém, a Escola está longe de cumprir esse papel, tendo em vista que nela o ensino da língua padrão é privilegiado. Mas o pior é que entende-se por língua padrão o ensino puro e simples de gramática durante as aulas, onde em frases soltas o professor ou professora ensina o aluno a fazer análises morfológica e sintática.
Não é sem razão que nossos alunos dizem em alto e bom som que odeiam português ou mesmo que não sabem nada de português.
Como professores de Língua Portuguesa temos um longo caminho a percorrer, para chegarmos ao ideal que é adequar o ensino da Língua à realidade lingüística de nossos alunos.

21 de ago. de 2008

Falar X Ouvir - A oralidade em sala de aula.

Acredito que minha fala transmite aos alunos calma e confiança, pois percebo que eles não se constrangem em falar comigo sobre vários assuntos que vão além das dúvidas a respeito do conteúdo. Eles falam sobre os acontecimentos do dia-a-dia, sobre suas alegrias, tristezas, indignações... e a partir de suas falas procuro adequar as aulas à realidade, para que dessa forma a aprendizagem se concretize.
Eu me considero uma boa ouvinte, apesar da dificuldade em atender a todos devido ao grande número de alunos e à excessiva carga horária.
Nós, os professores, estamos tão acostumados a falar, falar, falar... e nos esquecemos de ouvir o que o aluno tem a dizer. E eu posso afirmar que o equilíbrio entre o falar e o ouvir nos torna melhores tanto profissionalmente como na dimensão humana.

30 de jul. de 2008

Caminhos para chegar até aqui

Eu sempre gostei de livros. Recordo que quando eu era uma menininha adorava folhear os livros de minhas tias, principalmente aqueles que tinham uns poeminhas ilustrados. Logo que aprendi a ler, eu passava horas lendo os poemas infantis de Cecília Meireles e até decorei alguns que sei de cor até hoje. Aos oito anos saí de Belo Horizonte para morar em Brasília. E sempre nas férias escolares eu e meus irmãos íamos passar as férias em BH e lá ia eu folhear os livros das minhas tias e procurar alguns interessantes pra ler. Eu lia de tudo... contos de fadas, Jorge Amado, Graciliano Ramos, gibis da turma da Mônica; pra mim cada livro era uma viajem. E foi a partir daí que começou a nascer a professora de Língua e Literatura que sou hoje.

14 de jul. de 2008

Alfabetização e Linguagem

Este blog nasceu para abrigar os textos de um curso que estou fazendo aqui no Gama - cidade satélite de Brasília-DF - e acredito que este espaço vai superar essa expectativa inicial e poderá abrigar também minhas experiências cotidianas tanto na sala de aula com meus alunos de Língua Portuguesa do ensino médio quanto minhas dúvidas e angústias na condição de eterna aprendiz.